À medida que envelhece, o corpo humano vai perdendo suas capacidades físicas, de forma mais ou menos gradual.
Especialmente entre os 40 e os 50 anos (período chamado pelos médicos de “quinta década”), tem início em vários órgãos do nosso corpo um processo de deterioração. Perdemos massa muscular, a visão se torna menos aguçada e as articulações começam a falhar, por exemplo.
Mas, no cérebro, o processo é um pouco diferente.
Mais do que um processo de deterioração progressiva, o que ocorre é uma espécie de reconfiguração do “cabeamento” interno.
“O cérebro, embora represente apenas 2% do nosso corpo, consome 20% da glicose que entra no nosso organismo. Mas, com a idade, ele vai perdendo a capacidade de absorver esse nutriente”, explica a neurocientista Sharna Jamadar, da Universidade Monash.
“O que o cérebro faz é uma espécie de reengenharia dos seus sistemas para aproveitar da melhor forma possível os nutrientes que, agora, pode absorver”, explica ela.
Segundo os cientistas, este processo é “radical”. E, como resultado, as diferentes redes de neurônios se tornam mais integradas nos anos seguintes, com efeitos sobre o processo cognitivo.
Mas o que surpreendeu os pesquisadores é que, em alguns dos casos estudados, esse “recabeamento” conseguiu criar uma espécie de resistência ao envelhecimento do cérebro.
o estudo também demonstrou que essas mudanças radicais acabam nos ajudando a resistir à passagem do tempo no cérebro, segundo alguns dos casos estudados nas diferentes pesquisas.
“O importante dessa descoberta é que ela nos oferece ferramentas para começar a pesquisar como se chega a esta resistência, o que é fundamental para encontrar uma solução para o envelhecimento do cérebro”, segundo Jamadar.
Como a otimização dos nutrientes é uma das razões das mudanças radicais do “cabeamento” do cérebro, a principal recomendação para manter o cérebro saudável à medida que envelhecemos é manter uma dieta saudável e fazer exercícios. Neste sentido, é recomendável o consumo de alimentos como nozes, abacate e outros vegetais.
“O cérebro irá consumir glicose em menor quantidade e de forma menos eficaz”, explica Jamadar, “de forma que os alimentos que consumirmos terão efeitos imediatos sobre a saúde do nosso cérebro.”
Por isso, ela também recomenda fazer exercícios mentais, como palavras cruzadas e outros jogos de memória. Eles irão permitir que essas redes continuem ativas, mesmo não estando mais tão conectadas entre si.
BBC