Experiência para vida de uma estudante de medicina na África

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A lageana Caroline Cavalli, que estuda medicina, esteve recentemente na África, para uma experiência inimaginável. Trata-se do Namíbia Medical Project, um projeto que leva estudantes de medicina até o interior da África para fazer um trabalho voluntário.

Para a Carol, que sempre pensou em fazer esse tipo de voluntariado, foi uma experiência indescritível. Ela conta que todos alertaram para se preparar emocionalmente, mas segundo ela, nada prepara para o que ela vivenciou. “Fiquei em uma comunidade carente, eu, uma colega e outras voluntárias de várias partes do mundo, tudo lá é precário, sabemos disso porque vemos em jornais e pela internet, mas você ver o olhar de cada criança que possui tão pouco, e esse olhar se abrir em um maravilhoso sorriso é surreal, essas crianças carregam uma felicidade com elas que é contagiante e me ajudou a entender que precisamos fazer muito mais por elas”.

Os voluntários trabalham junto com o médico e enfermeiro da Clínica, conhecendo as doenças comuns que afetam a população, ajudando em como tratá-las e fornecendo cuidados primários de saúde à comunidade.

Cultura

 Carol conta que é um choque de cultura, de gastronomia e principalmente de prioridades como a vida, ela relata que o índice de mortalidade infantil é alarmante, que o estupro e a gravidez são tratados muitas vezes com normalidade pela população, tanto que se tiver que tomar remédios periódicos a população não toma. “Vi casos de meninas que nem entraram na adolescência e já estavam grávidas, vi também casos de pessoas que morreram por não tomar o remédio ou não voltarem na clínica para se tratar. O índice de alcoolismo é muito alto e com isso a violência toma conta das comunidades”.

Ela comenta que o calor era infernal, “A noite chega a fazer 38 graus, muitas vezes tivemos que dormir abraçadas em sacos de gelos para poder dormir e descansar, porque no outro dia levantava cedinho para poder servir o café para as crianças. Era inevitável não se envolver e se emocionar com as histórias das crianças, mas ao perceber que somente o fato de estar brincando ou dar atenção elas se alegravam, buscava sempre fazer o melhor por elas”.

O Alojamento

Refúgio animal

 Carol ainda visitou alguns lugares como um refúgio para animais, pode ver de perto e alimentar os leões, o refúgio ainda tem elefantes, rinocerontes e até girafas, esses refúgios são para acolher animais que foram maltratados ou até mesmo aprendido por caçadores e que também sobrevive através de doações e voluntários. Falando em animais ela relatou que duas cobras foram capturadas perto do alojamento, destas que tem veneno para matar em segundos (medo).

O alojamento ainda haviam 4 cães, que segundo ela defendiam as estudantes e as acompanhavam por todos os lugares desempenhando o papel de cães de aguarda, haviam também 2 gatos e todos conviviam harmoniosamente no alojamento.

4 Cães e dois gatos vivendo harmoniosamente.

“Preciso voltar”

 Visivelmente emocionada, Carol comentou que já fez diversas viagens inclusive internacionais, mas essa viagem foi muito especial. “Essa viagem de todas as que já fiz é a única que eu saí chorando, porque queria ficar, queria e quero fazer mais, sinto que preciso voltar, que preciso conscientizar as pessoas que precisamos fazer algo para ajudar definitivamente essas pessoas, porque todos os dias elas têm necessidades, todos os dias os problemas se acumulam e o trabalho voluntário ajuda provisoriamente”.

Ajuda de longe

 Ela ainda está em campanha para que as pessoas possam, mesmo que de longe ajudar as crianças, doando uma quantia por mês. A instituição manda fotos das crianças ajudadas, inclusive mostrando o que é comprado com o dinheiro enviado, como roupa e alimentação. “Minha família irá adotar duas crianças, para ajudar, chamamos de adoção, porque você acaba se envolvendo com a criança e quer saber como ela está mesmo estando longe, mas só o fato de você estar ajudando faz um bem danado para alma, eu garanto”.

 

“Essa experiência foi muito enriquecedora para mim, pois como estudante de Medicina pude perceber ainda mais o quão importante é a questão emocional do paciente durante a sua recuperação, bem como a necessidade de uma maior humanização por parte dos profissionais da saúde. É um choque de realidade, ver o olhar e a felicidade daquelas crianças com tão pouco ou quase nada, nos faz refletir sobre a vida, sobre as prioridades, cresci como pessoa, como profissional e a emoção de entender que temos nossa missão é algo que desperta o nosso lado humano e humanitário, aconselho todos de alguma maneira tentar e fazer algo para alguém, vocês irão entender do que estou falando a alma fica em paz”.

Eu e a Família Cavalli

 

 

 

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2 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns Cris pela matéria sobre o voluntariado da Caroline Cavalli, realmente ela tem um coração enorme e com certeza vai ser uma boa médica. Que outras pessoas sejam contagiadas pela história e a possibilidade de ajudar quem precisa.

  2. Possuo um sobrinho que fez cinema na ufsc e todo ano viaja para a Africa, em uma ONG presta serviços com crianças e demais adultos em uma cidade da Costa do Marfim, para se tomar banho é uma dificuldade, mas sempre é estimulado por estas dificuldades para prosseguir ajudando.

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